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Prevenção do câncer por alimentação e atividade física é possível?

Publicado em 04/12/2022


O movimento é um comportamento presente no dia a dia das pessoas, mas os tempos atuais têm sido marcados pela redução dessa movimentação diária e pelo excesso de  comportamento sedentário. Além disso, as escolhas alimentares menos saudáveis também têm caracterizado os tempos atuais: estamos desembalando cada vez mais e descascando cada vez menos. O reflexo disso é o aumento na incidência de diversas doenças, incluindo o câncer, e consequentemente a redução da qualidade de vida e do bem-estar da população em geral. 

Especificamente sobre o câncer, já existem evidências que comprovam a relação entre os hábitos de vida e o desenvolvimento de tumores. Segundo Bruna Pitasi Arguelhes, Nutricionista e Analista Técnica de Políticas Sociais da área técnica de Alimentação, Nutrição, Atividade Física e Câncer da Coordenação de Prevenção e Vigilância (CONPREV) do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estudos recentes estimam que entre 30% e 50% de todos os casos de câncer poderiam ser prevenidos com a adoção de estilos de vida mais saudáveis, evitando a exposição a agentes cancerígenos e tratando certas infecções e doenças crônicas, como a obesidade. 

À exemplo disso, mais de 12 tipos de cânceres são associados à alimentação não saudável (alimentação pobre em frutas e hortaliças, consumo de carne vermelha em excesso, consumo de comidas processadas), ao consumo de bebidas alcoólicas, ao excesso de gordura corporal e à prática de atividade física insuficiente (inatividade física), além do excesso do comportamento sedentário, explica Bruna. 

Diante disso, o cuidado para uma alimentação saudável é essencial. Afinal, além de ser capaz de fornecer nutrientes que protegem contra o câncer, ela também favorece a manutenção do peso saudável, sendo essa uma das formas mais importantes de evitar a doença. Por isso, a recomendação do Guia Alimentar para a População Brasileira,  publicação referência para a área de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, é muito certeira quando estabelece como regra de ouro basear a alimentação do dia a dia com alimentos in natura e minimamente processados. 

“Frutas, legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, sementes e nozes protegem contra o câncer, fortalecendo as defesas do corpo e ajudando o intestino a funcionar bem. Esses alimentos têm o poder de inibir a chegada de compostos cancerígenos às células, e de ‘consertar’ o DNA danificado quando a agressão já começou. Se a célula foi alterada e não for possível consertar o DNA, alguns compostos promovem a morte celular, interrompendo a multiplicação desordenada”, explica a nutricionista.

Somado a uma vida fisicamente ativa, os benefícios são potencializados, principalmente quando falamos da saúde, em seus aspectos físicos, psíquicos e sociais. A importância de ter um estilo de vida mais ativo, o qual impacta na redução do peso corporal, é devido ao fato que o excesso de gordura corporal provoca alterações hormonais e um estado inflamatório crônico, o que contribui para formação e progressão do câncer, conforme afirma a nutricionista. Como dito, a obesidade é uma das doenças crônicas capazes de favorecer o surgimento não só de tumores, mas de outras doenças crônicas, como a hipertensão e o diabetes. “A obesidade é reconhecida como um estado inflamatório crônico que predispõe ao câncer pelas interações complexas entre fatores celulares, moleculares e metabólicos”, explica a especialista.

Para além do controle e da redução do peso corporal, os benefícios da prática regular de atividade física contribui para a diminuição do risco de desenvolvimento de alguns cânceres. Isso acontece devido a diversos mecanismos que são ativados por meio dessa prática, tais como a redução dos níveis circulantes do hormônio feminino, o estrogênio, da resistência à insulina e da inflamação, comum pelo excesso de peso corporal. Ainda, praticar atividade física melhora a imunidade, auxilia na regulação gastrointestinal, na diminuição do estresse, da ansiedade e de sintomas depressivos, e na sensação de bem estar, aspectos que melhoram a saúde mental das pessoas em geral, bem como de pacientes e sobreviventes de câncer.

Desse modo, se faz necessário estimular a população quanto à adoção de hábitos de vida mais saudáveis, sendo esse um compromisso político, pois tanto uma vida mais ativa quanto uma alimentação mais saudável são determinadas por fatores socioeconômicos. Por isso, oportunizar que a população tenha acesso a políticas que incentivem a prática regular de atividade física e a redução do comportamento sedentário é de extrema relevância, pois assim elas se beneficiarão dos efeitos positivos de uma vida mais saudável, sendo protetivo para o desenvolvimento de doenças crônicas em geral, e especificamente combatendo diversos tipos de câncer.

Assim, políticas e ações públicas que favoreçam modos de vida mais saudáveis podem ser identificadas, pela população, dentro da Atenção Primária à Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). Existem, na maioria dos municípios, ações que promovem alimentação mais saudável e a prática de atividade física, seja nas unidades de saúde e nos polos do Programa Academia da Saúde. Nos polos, por exemplo, são contempladas diversas atividades visando ao cuidado integral à saúde, sendo que as equipes multiprofissionais atuam em prol da comunidade no intuito de promover bem estar e qualidade de vida. 

Grupos alimentares específicos relacionados ao câncer


Apesar de a manutenção de hábitos saudáveis ser a chave para uma saúde duradoura, que inclui a ingestão da comida de verdade, caseira e com alimentos in natura e minimamente processados, existem alguns grupos alimentares que merecem bastante da nossa atenção quando o assunto é o surgimento de tumores.  

De acordo com a nutricionista, o Terceiro Relatório de Especialistas do Fundo Mundial de Pesquisa em Câncer, produzido pelo INCA, aponta alguns grupos específicos de alimentos que apresentam fortes evidências do aumento do risco de desenvolvimento de certos tipos de câncer e por isso geram recomendações particulares. Segue a lista e o porquê do risco de cada um, segundo a nutricionista:

Carnes processadas: qualquer tipo de carne que tenha passado por procedimento de salga, cura, fermentação, defumação e outros processos para realçar sabor ou melhorar a preservação, como: presunto, salsicha, linguiça, bacon, salame, mortadela, peito de peru e blanquet de peru. Quanto maior o consumo, maior o risco. 

Carnes vermelhas: quando consumidas em excesso (acima de 500 gramas de carne cozida por semana), podem facilitar o desenvolvimento de câncer no intestino (cólon e reto), uma vez que possuem grandes quantidades de ferro heme, nutriente essencial ao corpo, mas que, em excesso, pode ter efeito tóxico sobre as células. Além disso, o modo de preparo também faz toda a diferença. As melhores formas são assadas, cozidas e ensopadas. Carnes grelhadas, fritas ou preparadas como churrasco aumentam a produção de agentes que causam câncer.

Alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas e fast-foods: alimentos do tipo fast-food, ultraprocessados ricos em gorduras, amidos ou açúcares (hambúrguer, pizza e cachorro-quente e produtos prontos para consumir ou aquecer, como lasanhas, salgadinhos e biscoitos) e bebidas não alcoólicas com alto teor calórico (refrigerantes, chás e sucos industrializados) contribuem para o excesso de peso, que consequentemente aumenta a chance de desenvolver câncer. 

Bebida alcoólica: o consumo de etanol, nome dado ao álcool, pode aumentar o risco de desenvolver alguns tipos de câncer ao induzir o estresse oxidativo, que consiste no desequilíbrio entre os radicais livres (moléculas tóxicas) e os antioxidantes (antídotos para as moléculas tóxicas) no corpo, e alterações no metabolismo hormonal. Além disso, o  acetaldeído, uma substância formada no organismo após a ingestão de álcool, também pode ser causador de câncer. Pequenas quantidades de bebidas alcoólicas, de qualquer tipo, já podem aumentar o risco de câncer e não há limite seguro para ingestão. 

Chimarrão: o consumo de bebidas muito quentes tem um potencial cancerígeno. O consumo regular de mate em altas temperaturas é uma das causas do câncer de esôfago, por exemplo. A recomendação é evitar o consumo do chimarrão em temperatura superior a 60 °C. Para chegar nessa temperatura, aconselha-se desligar o forno quando iniciar a formação de bolhas gasosas no fundo da panela ou chaleira e esperar alguns minutos antes de consumir a bebida.

Fonte: Ministerio da Saúde



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